domingo, 1 de fevereiro de 2009

Você não se move, você não faz barulho...

Madrugada adentro, o dia amanheceu e eu ainda aqui, pensando friamente com toda morbidez que um sentimento merece ser pensado. Ah, a amizade... esta forma de amor incondicional mais profunda e bela que existe. Faço altas perguntas sobre o que deve se sobrepor a amizade. Mau caratismo? "Vou te enganar, mas te amo, tá?" "Espero que entenda se eu te abandonar..." O poder, o dinheiro, o ego. Qualquer coisa assim se justifica pra congelar uma amizade? Meu maior medo é me dar conta de que, ao final de tudo, a amizade era o que menos importava. É, aquela cumplicidade de duas pessoas que se identificam e se gostam e se respeitam acima de tudo, também foi banalizada. Não é mais acima de tudo. Mas isso não é descrença, eu juro! No fundo, sabemos exatamente quem vai ficar pra sempre. E aqueles que iam ficar no meio do caminho, já s entíamos que os valores destes não eram tão "banais" quanto os nossos. Sim, porque se importar é quase que um constrangimento, hoje em dia. E vocês estão pensando: o que esta louca tá fazendo aqui falando tudo isso sobre algo tão subjetivo e tão pessoal pra ela? Pois é, eu não sei. Mas será que é tão pessoal assim? Não querendo ter a pretensão de ser dona da verdade, mas tenho encontrado pessoas que dá vontade de parar e dizer: -Por favor, não faça isso. Não estrague mais o mundo com suas indolências. Por que a gente tem que fingir ser melhor amigo do colega de trabalho? E por que quando somos promovidos usando uma idéia dele, dá-se um tapinha nas costas e diz: "vamos separar as coisas, somos amigos"? Por que esta falsa idéia de humanidade? Desculpem-me os questionamentos frívolos, mas a maior certeza é aquela que permanece intacta: continue não se contaminando com as doenças do mundo; mas faça uma escolha, tome um caminho, não fique parado, se mova, faça barulho! Certa vez, em um momento de sinceridade alcoólica e espontânea, disse em presença de vários amigos: "eu amo quase todos vocês!" Pausa dramática, e tudo continuou como era. Eu preferia que as coisas fossem assim. Sem hipocrisia, sem fingimento. Sonho com um mundo em que a sinceridade seja um suprimento e objetivo a ser alcançado. Um mundo em que "não te amo mais", apesar de doer, seja admirado pelo teor de verdade. Sonho com um mundo de pessoas que não gostem de ser enganadas. Sim, porque quem engana, não engana sozinho. Na verdade, trocam traições. E não vou desprezar esta noite mal dormida pensando neste todo, pois dessa aprendi que sentimentos não podem mesmo ser prometidos; porque não dependem da nossa vontade. Não diga que ama alguém quando não está disposto a estar junto. Afinal, em breve perguntaremos: o que deve se sobrepor a nossa palavra?

"No final nós deixaremos tudo isso para trás
porque a vida que eu acho que estou tentando encontrar
Está, provavelmente, toda no meu pensamento"

3 comentários:

  1. Não sei responder a nenhuma das tuas dúvidas, imagino até que não queiras resposta alguma. Mas eu tento, com as amizades, ser o mais honesta que eu poderia ser comigo.
    É como eu te disse, é um sentimento forte e sem cegueira.

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  2. Pois é. Amizades de verdade não acabam. Talvez seja o único clichê em que vale a pena acreditar.

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  3. "Lamentamos pelo circo das vaidades humanas, espetáculo que assistimos a contragosto". É isso.

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