quinta-feira, 10 de junho de 2010

Arco-íris

Ela vinha caminhando com seus passos refletidos na areia úmida que há pouco recebia o improviso das ondas do mar. Assim como a onda, ela se mostrava passageira.

Ela vinha caminhando num balanço cambaleante e despretensioso, cabelos jogados. Parecia dançar ofuscando o brilho do sol.
Trazia junto a ela um dia nublado, cinza. Um tempo diferente e o colorido só existia na fita amarrada em seu pulso nas cores de um arco-íris.

Ela vinha sorrindo para o horizonte e esclarecia a quem a visse sua incerteza e despreocupação quanto ao destino.
Sua doce perfeição.

Enquanto vinha, sem deixar de caminhar, olhou e sorriu me dizendo: - vem comigo?
No olhar trazia uma mensagem: ela foi a lugares que nunca estive.

Como eu poderia acompanhá-la? Diante da liberdade que ela inocentemente me obrigava a ver mesmo não dizendo com palavras. Liberdade que mostrou-me ser possível. Diante da possibilidade que eu não suportava do poder de escolha. Ah, a pressão da escolha!
Como eu poderia? Diante de todos os meus medos, meus preconceitos, minha mesquinharia. Minha covardia!

Ela sumiu na escuridão de uma chuva que se anunciava. Distante eu só via... a fita, as cores do arco-íris.
Maldito arco-íris!

2 comentários:

  1. Às vezes a gente está tão crente, entregue e absorvido pela nossa incapacidade; pela maior possibilidade que o mundo nos dá, que é a de que não conseguiremos, não chegaremos 'lá', não somos bons o suficiente... que quando algo desponta não vulgarmente no horizonte, a gente se limita a achar que o destino nos está pregando mais uma peça de mal gosto: nos mostrando aquilo que não somos capazes de ser.

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  2. A incerteza é o que nos salva. A gente tem a chance de desaprender e reconstruir. Deveria ser assim, mas a gente se apega ao nosso conhecimento prévio e esquece dos novos caminhos. E a gente asfalta o caminho pisado e esquece de abrir os atalhos. Se é pra fugir, que seja da Zona de Conforto.

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