quinta-feira, 2 de junho de 2011

O que é exatamente se jogar?

Pequena reflexão sobre um dos clichês inevitáveis da vida: as embalagens do achocolatado, o rótulo na garrafa de cerveja e o slogan do carro popular e suas frases imperativas. Às ordens, senhores de nossas vidas! 

Nos ordenam ir à caça, ao mergulho, a sermos nós mesmos, a nos jogarmos, a nos intensificarmos. Que covardes seríamos esperar pacientemente que o mundo mude, ou ainda, deixar com que uma marca nos diga quem devemos ser, não é mesmo?

Por outro lado, os dogmas, ou os mesmos rótulos, mas desta vez do telemarketing da funerária, do vendedor de carro tentando nos convencer a comprar o do airbag ou a empresa de segurança. Nos mandam não fazer nada que possamos nos arrepender depois. Dizem que toda ação tem uma reação - Newton discordaria disso, obviamente. Repetem que aqui se faz, aqui se paga.

Uma campanha limitada cheia de proibições e permissões desconexas tentando definir o que é ser livre. Temos a opção da margem e a do mergulho, mas o risco do afogamento é eminente. Além da absurda vontade de encontrar o oceano que esperamos, se jogar neste mar gigante é imoral, ilegal e engorda. O prazer é inegável, suportar julgamentos ignorantes dos que não suportam um ritmo diferente, é o desafio. Demanda coragem, já que as consequências provenientes do enfrentamento não são poucas. 

Descobrir quem somos é um eterno exercício de desconstrução e até saber minimamente sobre isso, nunca conhecemos o que queremos da vida. Se jogar é a tentativa de entender tudo de um jeito mais adequado a nós mesmos. O quanto pretendemos perder, ganhar, nosso conceito de valores, o contexto em que decidimos, o nível de importância de cada fator fragmentado de nossas vidas. Prazer e tortura fatídicos.

Mas penso que, a maior tragédia é viver com a dor de não ter tido a curiosidade de se aprofundar em si mesmo: a única coisa que realmente importava no fim de tudo. Afinal, todo o resto, o que fazemos pra deixar pro mundo, mesmo que nada, é uma extensão do que começamos - ou não começamos - em nós. 

Enjoy.

Nenhum comentário:

Postar um comentário