“Minha casa é vazia, mas as vozes nunca se calam. Eu os ouço sempre, tão alegres. A vida deles é tão calma, que me inveja a bonança da noite.”
“Se eu pudesse apenas entrar na sua vida, jamais o faria: merecemos mais. Se eu pudesse ser feliz, eu seria. Se eu pudesse fazê-lo feliz, talvez eu hesitasse.”
Na porta dela, agora, alguém bate a cobrar. Cobra emoções, cobra carícias. Os olhos dela mareados não vêem nada mais: o mundo é uma onda, e sua vida um naufrágio... Mas as vozes, as vozes sempre surgem, a casa toda tão alegre.
Seus pés tocam o chão, está tão frio. Seu coração pulsando em descompasso com a música que ela dança... A música é serena, a voz do cantor tão sofrida.
Os olhos dela estão fechados, e ela pensa em alguém. Força um sentimento: tem medo de ser feliz como em casa, como sozinha.
Acaricia a tatuagem que fez, e que hoje odeia. Toca os cabelos, e dá uma volta dançante em si mesma... As luzes se apagaram, a platéia está muda e ela concentrada...
Hoje ela resolveu não abrir a porta, a dor do apego não entrará, e ela não sofrerá... amargura que seja. A peça dela, hoje, será uma comédia... um monólogo.
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