quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Ser o nada, para nada ser obrigado a ser

Coisas impensáveis, talvez. Coisas de libido, de filosofia. Assuntos que caberiam num livro de romance, mas inviáveis para os romances da vida real! Ah! Vida real.

Durante o sono que não sei mais dormir, descanso meus pensamentos pensando. E penso muito, penso tanto que minha mente adormece, entretanto, ativa, sempre tão ativa, altiva. Às vezes acordo com marcas e máculas dos sonhos, outras vezes os sonhos tão somente são aquelas coisas todas que conversamos até que o meu corpo se canse, ou desista: a desistência pode ser, muitas vezes, a única salvação.

Dialoguei interminavelmente comigo mesma, e com algumas pessoas que me estimulam o distanciamento para a 'confecção' de coisas para se crer, e ideais para não se buscar; não por não crer, mas por crer não serem possíveis, e de gostar que sejam apenas parâmetros... para o que dará errado.

Por favor, perdoem-me o pessimismo, pois não o é. Apenas estou admirando uma vertente nova. No momento estou ouvindo qualquer coisa de Bob Dylan, e estou como sinto a voz e a música dele: um sofrimento prazeroso. Tente me acompanhar, leitor; a voz dele é desafinada (aparentemente- mas eu adoro o mal feito... bem feito), melancólica, irônica; porém, sinto uma felicidade no mais íntimo do último som a ser ouvido inconscientemente por mim, tanto que é quase impossível a descrição do que dissimula nessa que vos escreve, quando o ouço. A todo o momento parece-me que ele conta uma história macabra de sua vida, mas sempre com o santo e bendito humor negro; humor este que nos afeta, os desesperados. Então, é como o ouço que me sinto hoje: um misto de quase tudo o que é contrário e contra. E isso fez com que eu me lembrasse de outra música [vai uma dica musical ai:] 'Balada de Agosto' de Raimundo Fagner e Zeca Baleiro, que diz 'meu coração vive cheio de amor e deserto'; conseguem compreender a profundidade e o quão dolorido pode ser sentir-se assim, e acreditar que é um estado imutável, invariável? Entretanto, ao mesmo passo, é um deleite saber que é isso, e assim o será. O mais difícil, porém, é aceitar e viver. Pois, independentemente de sermos assim, não se pode, não podemos viver desta forma; não aqueles que não querem - como diria a minha mãe- 'segurar o pau da bandeira', não é válido a luta àqueles que querem se afastar e se manterem afastados. Pois, apreciem bem, se o que se é, é distanciamento, e se quer viver assim, o preciso é a distância. Na nossa cultura e no nosso mundo, e se quisermos ainda conservas os amigos e a família, teremos de provar que a distância que queremos é verdadeira, e, logo – ao tentarmos enturmar para provar isto-, não viveremos como queremos. Àqueles que não contarão o que são a distância é amiga sempre.

Acho que me perdi, talvez; mas as perdas nos meus escritos são mais importantes do que concluir com maestria.

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