Numa dessas coincidências impressionantes, que quase nos faz acreditar num sentido último para a existência, numa moira pairando sobre nós tecendo nossos destinos e que, no cruzar dos fios que formam as tramas, por vezes nos cruzamos também, estava eu lendo o blog Generación Y quando ligo a tv (coisa que quase nunca faço) e vejo o Nelson Motta falando do mesmo. Confesso que descobri o blog essa semana. Procurando no Google sobre o filósofo, humanista e escritor Ortega y Gasset, descobri que existe um prêmio espanhol com seu nome, que honra escritores, jornalistas e veículos de comunicação. Passando sobre o prêmio de "Periodismo digital", vejo o nome Generación Y. Como não entendi o porquê do nome achei a princípio que era até um nome bobo, mas quando vi que o endereço digital incluía um desdecuba eu me interessei. E que surpresa! Encontro não só um dos blogs mais bem escritos, inteligentes e irônicos que já li, mas um dos sítios de luta pela liberdade de expressão e de melhoria de vida de um povo mais apaixonantes que já tive notícia. O nome do blog, "geração Y", vem da geração dos anos 70 e 80, que em Cuba, devido a influência soviética, foram batizados com muitas dessas consoantes no nome, assim como a autora Yoni Sánchez. Yoni, que enfrenta não só uma internet inteiramente sucateada para poder escrever, mas que é vigiada de perto pela polícia política, viu seu blog ser colocado entre os 25 melhores blogs de toda internet pela revista TIMES, mas isso, em verdade, importa bem pouco. O que importa mesmo é a capacidade de Yoni nos transportar para o contexto da Ilha, e nos fazer ver que ela está cercada pela censura, assim como pelo oceano. Que os anos de bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos sucatearam as estrutras produtivas e de circulação de recursos do país, perpetuando muitas das agruras que a Revolução pretendia rechaçar. Por mais legítima que a Revolução tenha sido, por mais romântica que tenha sido a luta de Fidel durante tantos anos pelo ideal de uma sociedade sem classes (ter conseguido uma sociedade sem patrões é um mérito que não podemos negar a Cuba), diante das necessidades de seu povo e do mundo que se abre, as propostas e as expectativas oferecidas pelo governo castrista são obsoletas, velhas e falhas demais para beneficiar o povo que delas depende. E Yoni, mais do que nos mostrar isso, nos faz sentir isso. E aí que está a beleza de seu texto e de suas fotos, ela nos mostra que a Ilha é composta de milhões de outras ilhas, como ela, que também não se curvam, sejam às ondas da perseguição e da censura, sejam às marés inevitáveis da necessidade. O link para o blog é: http://www.desdecuba.com/generaciony/
Aqui, posto um trecho de um texto muito interessante sobre as agruras dos cubanos para adquirir um automóvel:
Hasta el día de hoy, aunque algunas tiendas muestran en exhibición modernos todo-terrenos y climatizados minibuses, ningún cubano puede dirigirse a ellas y comprar –sin más requisito que el dinero– un auto. Hay que recibir antes una carta de autorización, a la que se llega después de años de papeleo. El proceso incluye una exhaustiva supervisión del origen de los fondos y la comprobación de la “limpieza” ideológica del comprador. Por casi una década, la firma de ese salvoconducto la hacía Carlos Lage, vicepresidente del Consejo de Ministros, defenestrado hace unas semanas. De manera que en medio del estupor por su sustitución, algunos se preguntan ¿Quién firmará ahora las cartas para obtener el añorado auto?
Não sei como chamar estas ‘coincidências’, mas algumas me deixam felizes. Não com medo; já que eu adoro uma coisa meio... além do que os olhos veem. Enxergar além dos dedos.
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