quarta-feira, 8 de abril de 2009

Por uma janela

Chega a vez de mais uma participação especial em nosso blog. Desta vez, o convidado é o jovem Eugenio Bastos, a vítima preferida das nossas petulâncias em nosso chat coletivo. Eugenio escreve regularmente em seu blog, que já mudou de nome algumas vezes e hoje atende pelo estranho nome Bastos Ponto Com. Você acessa o blog dele clicando aqui. Vi uma evolução nos textos dele desde o início de sua experiência blogueira, e na semana passada resolvi pedir que ele escrevesse algo para ser publicado neste nosso humilde coletivo. Com vocês, "Por uma janela", por Eugenio Bastos:



Sentado na cama ainda desarrumada, olhava pela janela o mundo que o esperava dentro de instantes. Justamente por isso, tentou se manter indiferente daquele. Fez de seu pensamento o próprio mundo. Manteve-se isolado daquela confusão e de todos aqueles sons. Pela janela observou o parque municipal. Uma velhinha caminhava tranquilamente. Uma criança chorava ao cair de seu brinquedo. Seu café esfriava enquanto ele voava. Naquele momento, nada disso era importante. Apenas a solidão lhe confortara. O vento matinal que entrava pela janela o tocou como uma ameaça. Anunciava uma forte tempestade, embora o céu lá fora ainda estivesse claro. Porém, naquele momento, apenas queria apreciar aquele mundo pacífico que tinha por uma janela.
O horizonte, visto por aquela janela, era um prédio há alguns quilômetros dali, além do parque. Cinza, rude. Criando um contraste com o verde e a alegria do local.
Levantou-se da cama e fechou a janela. Viu que o mundo por uma janela era muito bonito, porém, limitado. Por uma janela ele via apenas uma criança chorando. Fora desse mundo, havia milhares de outras crianças sorrindo sonhando com seu futuro longínquo. “Pobres crianças, ainda não sabem como é triste o mundo por uma janela.”
Terminou de se aprontar e saiu. Preferiu o mundo por sua janela.

4 comentários:

  1. Broto...

    Às vezes precisamos saber experimentar mais o nosso próprio de poder de 'utopizar' a vida, de criar momentos fantásticos em palcos limitados. Nos faz tão importantes quanto qualquer outro elemento essencial à permanência da vida fisiológica, saber extrair mais do que há, ‘ de fato’ no real. Conseguir fazer de nós mesmos palcos a serem encenadas quantas peças pudermos assisti. É o tal do saber enxergar além dos dedos.
    Como adooro filmes, lembrei-me de um: ‘Em busca da Terra do Nunca’. A fantasia está além dos que se travestem com alegorias.

    ResponderExcluir
  2. Ontem escrevi, e para escrever acho que descobri no mesmo instante, sobre o preço da verdade e da sinceridade que tanto cobramos. Um tanto de mentira e hipocrisia, é necessária. E talvez eu me disfarce nas mentiras da arte. E isso tb me lembrou um filme, hahaha. (cinéfila com orgulho! haha): "O artista usa a mentira pra contar a verdade, os políticos para encobrí-la". Creio que os sujeitos desta frase tenham mudado, se estendido...

    ResponderExcluir
  3. Engraçado foi o e-mail que o Eugenio me mandou. "Eu aceito escrever um texto para a Marmita. Está pronto". Hahahaha!

    ResponderExcluir
  4. certa vez meu pai me disse que uma janela nos dá mais oportunidades que uma porta... por uma porta vc somente saí e entra, sem poder ficar parada nela observando o que la fora tem, e expandindo seus horizontes.

    se puder, dê uma lida no nosso blog, e deixe sua opinião sobre o tema. paz de DEUS

    ResponderExcluir