Para Luana, minha amiga astronauta...
E pela primeira de muitas vezes o astronauta virou seus olhos do azul e contemplou a imensidão à sua frente. O céu negro e aquela beleza desolada não o intimidavam, nem feriam. Ao contrário, em muitos anos não se sentia tão acalentado como naquele lugar. Apesar da pouca gravidade, empurrava com os pés alguns grãos daquela areia ainda não tocada. Vez ou outra colhia uma pedra, fruto mineral de um mundo mineral. E ao acariciar seu formato com a mão encoberta pela luva branca, pensava e sentia seu verdadeiro objetivo ali. No céu sem estrelas e sem oxigênio ele via escrito aquilo que não só ele sentia, mas que só ele entendia. Mas ali, onde o céu não pesa, sentia os espinhos de sua coroa leves e decididamente doces, sentia que o pecado é uma interpretação errada de nossos sentidos para a queda, uma ilusão de ótica da lei da gravidade. E riu-se disso como quem ri de grandes verdades. E agora que ele entendia, agora que, em órbita alheia, não existiam multidões a lhe cercar, aviões nem automóveis, nem buzinas, carretéis, contas e promessas, ele viu. Ali ele se sentiu no lugar mais familiar de todo o mundo, como quem adormece na grama ou no abraço de alguém. Ali, o acalento que sentia tornou-se morno acolhimento, e ele deu o passo primevo rumo aquilo que sempre buscara mas não pôde encontrar em seu planeta, aquilo que busca todo astronauta: um igual.
Ramon, cê tá com crise de ansiedade? Tá postando loucamente no blog, hahahaha!
ResponderExcluirrsrsrs...isso é porque não te mostrei os textos descartados...
ResponderExcluirrsrsr
Eu adorei!
ResponderExcluirBrigado, Lô...minha astronauta favorita...
ResponderExcluirbjus
Ramonzito... ao ler o texto me senti exatamente como estive um dia em um onibus caindo ao pedaços, rumo ao desconhecido, em algum canto da América Latina... livre, sozinha, mas extremamente confortável "como nos braços de alguém"...
ResponderExcluirObrigada!