quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Divagações sobre forma e conteúdo

Confesso a vocês que quando propus aos meus colegas o tema conjunto, achei que seria uma missão simples. Vivo citando esta diferença entre forma e conteúdo, portanto racionalizar sobre ela seria tarefa de fácil resolução. Ledo engano! Comecei a pensar nas regras, e vi que há entre elas muitas exceções.
O fato é que me recordei das aulas de comunicação, em que estudávamos os teóricos como Mcluhan, cuja célebre máxima "o meio é a mensagem" é o que mais se aproxima do que quero dizer. No entanto, é preciso separar o joio do trigo, até porque acho necessário que sejamos claros em nossos textos, para que não cansemos nossa meia dúzia de leitores fiéis. Quando McLuhan teorizou sobre o meio e a mensagem, quis dizer que o meio de comunicação pode influir diretamente na mensagem a ser direcionada ao receptor. Ok. É óbvio que ouvir música no iPod é diferente de ouvir na eletrola. Mas diga, meu caro leitor: o que muda na forma de absorver o conteúdo? A maior vantagem que vejo nesta relação é a mobilidade. O iPod ou o mp3 player pode te acompanhar onde quer que você vá. Mas ora, dirão alguns, isso o walkman também permitia! É verdade. Mas quantas músicas cabiam numa fita k-7? Para alguns, talvez isto não seja problema, pois é comum (acontece comigo às vezes) passar dias ouvindo a mesma música ou álbum. Enfim, o que quero tentar demonstrar é que pode ser belo ter apreço por um formato, como os discos de vinil. O que não se pode é permitir que o suporte seja mais importante do que o conhecimento a ser adquirido. Que importa se você está lendo estas linhas mal escritas num monitor de LCD ou na folha que você imprimiu no trabalho para ler durante a volta para casa? Importa se isso é um blog ou um portal corporativo? Seria a casca da fruta mais importante do que seu sumo? Vale a máxima do futebol, quando trata de times grandes, em que "a camisa pesa"?
O que é certo e inadiável é que há, na música principalmente, um processo de ruptura. "In Rainbows", do Radiohead, não é o primeiro caso, mas deve ser o mais emblemático dos dias atuais. O que vale mais ser comentado? A forma como o álbum foi disponibilizado (para quem não se lembra, foi disponibilizado para download, com o consumidor decidindo quanto pagaria pelas faixas) ou a qualidade das canções gravadas? É romântica a idéia dos álbuns conceituais, a música de trabalho, a ordem das faixas. Mas isso também é possível de ser feito de algum modo, mesmo com a ausência do material "físico". Mas é legal saber que o ouvinte agora tem mais liberdade para customizar suas escolhas.
Por fim, preciso dizer que ainda tenho muito mais dúvidas do que certezas sobre o tema. Espero que meus colegas se saiam melhor do que eu em suas análises. E você, prezado leitor, o que pensa disso tudo?

4 comentários:

  1. eu não posso dizer o que acho, porque direi no que eu for escrever e não estou na minha melhor fase criativa. então, não te dizer o que eu penso já é pensar em dizer. haha

    aproveitando que Los Hermanoooos estão de volta e sabendo que vc se irrita com isso. hahaha

    beijones.

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  2. Engano seu, Maísa. Só acho que não é uma volta. Mas isso é assunto para outro post, hahaha!

    Beijo.

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  3. Já discutimos isso, porra! haha

    Deixemos a forma e vamos ao conteúdo? Não importa qual interpretação a palavra 'volta' possa ter. Literalmente eles estão voltando pra duas apresentações e isso, por si só, é voltar. Se haverá continuidade ou não, dane-se!

    ok, assunto pra outro post. haha

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  4. LOSER MANOS, dona Maísa! >/ hauahaua

    Eu acho que a 'forma' nos direciona a caminhos diferentes, logo a análises diversas. Quando ouço um vinil, tendo a ser mais romântica nas análises, sinto-me naquelas bibliotecas antigas, com luzes baixas, cheiro de livro muito lido (poeira), vêm à mente aquelas 'maluquices' simbolistas, e eu divago apaixonadamente. Quando ouço em mp3 player, eu vejo as coisas mais óbvias, mais 'modernas', como se eu tivesse, ao tempo em que ouço a música, analisando as pessoas que estão por perto, a paisagem, construções, rostos, olhares, expressões (falta delas). Acho que a mobilidade para se ouvir a música nos permite captar outros sons! É como se houvesse uma soma entre lugares e a própria música, nos permitindo vários sentidos.
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    ‘Quando McLuhan teorizou sobre o meio e a mensagem, quis dizer que o meio de comunicação pode influir diretamente na mensagem a ser direcionada ao receptor. Ok.’
    O meio em que se encontra o ‘receptor’ pode influir muito mais no que este captará e avaliará da mensagem, do que simplesmente ser considerado local de estadia ou ‘recebimento’. Todo olhar modifica o que se pode ser visto e lido. Por isso que assuntos importantes eu prefiro ler/ouvir/ver e discutir comigo mesma, várias vezes e em lugares diversos!

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